domingo, 15 de setembro de 2013

VIII

Ela veio como uma brisa marítima, soprando lentamente amor, neste coração sentimental, nesta alma louca e inadequada. Ela veio se instalou de mansinho, se apossou, e de forma anormal tomou conta desta casa que habita meu espírito. Eu quis, eu não queria, eu deveras nem mesmo sabia que displicentemente pertencia a ela.
Embriagamos-nos de paixão, pintamos nossas faces de vários personagens, sendo unicamente nós mesmas; eu sorrir loucamente, chorei asperamente ás margens de tuas historias, tu sorrio lindamente, foi inocente, não sendo tão inocente assim. Eu variei em devaneios, eu criei bloqueios, e amor se escondeu, eu padeci no meu desespero, e lancei-me ao precipício, “Te perdi por capricho” e agora me encontro nesse tórrido abismo, e não sei mais de mim.  Amamos-nos, nos bagunçamos, hoje estamos longe, porém unidas por um sentimento que jamais vai morrer, jamais será esquecido...

Sem mais forças, tão pouco animo para escrever mais caro amigo confidente, deixo-te por fim um abraço angustiante e caloroso.

(Natália Tamara)





VII


Abriu a porta lentamente, dirigiu-se para o quarto tomou em suas mãos seu livro favorito, leu algumas paginas, escondeu o rosto entre as mãos e derreteu-se em lagrimas, recordou cada beijo nostálgico e permitiu-se um breve sorriso abrasivo e fervido. Com a alma e o corpo tremulo vestiu-se plangentimente com sua túnica imprópria de Fantasma da Opera, e jurou a si mesmo não voltar a amar, que estupidez, como não amar? Se seu espírito és devoto desse sentimento avassalador.
- Não quero mais que meu coração seja guiado, encorajado, ou estimulado por uma paixão, ele sozinho já se inflama bastante; pois não há nada mais volúvel e inconstante  que este órgão tão pulsante e quisás sofredor. Mas afirmo não posso me ausentar deste mar imensurável que és esse sentimento tão verdadeiro, tão audaz e misterioso.
Olhou por instantes no espelho das lembranças, e pode ver-se refletido numa imagem contraditória, perdeu o equilíbrio, perdeu a sensatez, perdeu as forças e pôs-se em lagrimas novamente... Esse amor, essa paixão não é, portanto nenhuma invenção poética vai além do entendimento pessoal, questiona todas as leis do sociável, quebra regras, acusando e condenando os princípios que existe no outrem e em te.
Tomou de posse o mesmo livro, resignou-se aos sentimentos, lamentou a ausência dela, cativou presenças novas, emoções novas, mas, guarda consigo a lembrança calorosa daquele velho novo amor. Fechou a porta do quarto, deitou-se na cama e clamou por dormir, apenas dormir e sonhar... Foi tudo que pude lhe escrever hoje meu nobre amigo, nada mais tenho a dizer, além de um até breve.

(Natália Tamara)




VI

O processo de transformação, é sem duvidas a maior aventura do mundo, tenho provado todos os sabores desta louca alucinação que é o "cotidiano" de viver. Meu caro amigo confidente, hoje, não tenho muito a escrever, os sentimentos me tomam por inteira, mas cismo que a melhor maneira de ficar mais perto desse amor é escrevendo, e sei que posso contar contigo, nossa amizade é a mais leal e refinada forma de aliança intima.
Posso confessar-lhes que a alegria é uma grande mestra, mas o desespero também. O assombro é um grande mestre, mas a confusão também. A esperança é uma grande mestra, quem sabe a loucura também; mas o amor é o mestre de todos os mestres, que me perdoe a senhora sabedoria, mas apesar de viver neste mundo parvo e fora de controle, ouso acreditar no amor; este amor genitor, esse amor soberano que tem o poder de regenerar nós seres humanos conflituosos e inconformados.
Prejulgo que esta minha mente tão fechada, esteja se auto abrindo para os cortes fundos da união entre amor poético e realidade do amor humano, ele se refere a amor retalhado, amor com horários de visitas marcadas, horários do deixa acontecer, amor do prazer por prazer; e, esse ultimo afirmo que não é amor.
“Mas o amor que trago comigo, meu caro amigo, é o mais romântico, porém o mais exigente, o mais cafona, o mais “ ridículo", porém o mais leal, o amor de poeta, exagerado em suas formas tanto lúcidas quanto não lúcidas, bruscas em alguns atos, porém sublime e carinhoso no ato final. Sim meu grande amigo, esse amor eu defendo com a própria vida.
Quanto a dor, não compreendo, mas ela queima, arde, oprimi, massacra e ao mesmo tempo fortalece. Bom com muito ainda por argumentar sobre esses assuntos abstratos e tão sensitivos, por tanto reais, despeço-me com um até breve.

Abraço...

(Natália Tamara)


III

A casa, o corredor, a porta, as malas, o carro, a estrada, toda angustia de tudo por nada, pensamentos meus, alheios pensamentos inaceitáveis; a capital baiana, o aeroporto, nada de expectativas exageradas, apenas entorpecida de dor, espasmos de ânsias, excessos de teorias intragáveis. O voo, o outro voo, Rio de Janeiro, Santa Catarina (mas precisamente Florianópolis).
Outro clima, outras ruas, os mesmos passos, a brisa marítima, reflexões, arrependimentos; um pequeno sopro de vida, o foco... O sangue começa ferver novamente, novas falas, novas conversas, beijos vãos, sem sentidos. O fogo da paixão então começa reviver; novo palco, mesma mascara real de romantismo cítrico, plasmático, carinhoso, sufocante, desafiador, incomum, incomparável, sereno, catastrófico, talvez não seja exagero se renomear como "Palhaço do Amor".
A Louca paixão, o quer ter e não saber bem o porque, o punhal certeiro, o sangramento constante, a Bela vivente sem vida continua, sempre interrompida, as cenas, o travor amargo de amar o que não pode ser, o emblemático coração que almeja poesia, sorriso lírico, solidão regada a vinho e boas músicas, esta diante a realidade tão temida! E ter seus olhos negros sempre ao meu lado, me fazia feliz.
Meu caro amigo confidente; cismo esta certa que a existência de uma criatura vale muito pouco, quando a vida é extraviada sentimentalmente. O continuo curso dos dias segue; e, o que posso afirmar meu grande amigo, é que custa caro vestir essa fantasia desconfortável de uma pessoa "normal".


(Natália Tamara)



I




- Sabe, caro amigo confidente, quando você se pega escrevendo na madrugada fria, que então posso notar tão quão minha obsolescência desprogramada, frigida e de um recalque tristemente funesto e alarmante. E posso confessar-lhes sem nenhuma virgula de demagogia, é tudo que resta a esta alma inundada de amor cítrico que parece não encontrar o rumo certo, uma reta horizontal, tal qual possa firma-lhes os pés pecadores numa direção cuja qual seja menos conflitante e árdua... Há muito tempo não escrevo em diários, pra ser franca jamais escrevi, mas como pode perceber não consigo interiorizar sentimentos “não consigo guarda-los só para mim”, então vou dedilhando os pensamentos em prosa e verso. (Bom ao menos penso ser) e me livrando dessas alucinações plasmáticas que me consomem noite e dia, com muito ainda por dizer mais sem retórica firme apenas lamentos em pausas, vírgulas, exclamações e pontos vãos; despeço-me com um breve ponto final.


(Natália Tamara)