domingo, 30 de setembro de 2012

“Mundo Real”


Memórias, ventanias, pedaladas em volta de mim,
Passos desconhecidos, porém companheiros do mesmo labor.
Saudade se escondendo por trás de cada sorriso,
E um olhar ainda tímido, no respaldo do não saber!

Nuvens passeiam neste céu azul anil,
E o astro rei reluz seu onipotente espetáculo;
Não interrompendo o frio cortante que a todo instante,
Vem afagar este corpo tão fervido e abraseado...

Os roteiros são distintos, mas alguns se encontram,
Neste menestrel o qual somos regidos pelo “Senhor”
Timbres, ritmos, certos falsetes em belíssimas apresentações,
Declarações, amores, acusações, clamores e músicas!

Noites notáveis, dias insuportáveis e delirantes também,
Ônibus e placas quem vai e vêm, pessoas, eu e outrem...
Ar nebuloso num patamar de elegantes vivencia,
Quem saiu do rumo, talvez tenha nivelado o prumo nesta divisão!

Natália Tamara



“Mudança!”


Quando por vezes, a vida massacra meus sonhos,
Tudo que posso fazer é sentar a beira das lagrimas!
Não mais tenho em mim o soldado que não sabe chorar,
Hoje, julgo-me fraca diante as ilusões do mundo, da alma.

Esta febre é latente, faz gemer, faz sofrer, faz desesperar,
Não mais aquele olhar, não mais o meu também.
O frio é afago perante um corpo ardente, uma alma febril,
A vida se foi, e eu ainda permaneço aqui, longe de mim!

Quando navego a deriva das lembranças,
Chego ao porto da realidade, sangro em saudades...
Não mais tua mão na minha, não mais aquele amor,
Não mais nós, e sim eu, e um passado você, um dia você!

Estes passos vão seguindo perante a neblina catarinense,
Numa audácia que sem duvida disfarça toda uma verdade.
Não mais o interior sereno e calmo, não mais você,
Agora penetra em mim a turbulência da capital, e elas e aquelas!

  Natália Tamara


quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Não é para Um Messias indeciso; É para Você!


Vós um dia me falastes que queria ser minha,
Conquistou-me, me seduziu, nesta nobre idadezinha!
Tu provaste me guiastes, e deveras foi minha.
Eu por ventura me entreguei, por amor me doei...

Tu em devoção me amaste me erguestes, me multiplicou...
Mas depois de algum tempo, teu vendaval passou.
Tu curtistes com minha cara, negastes o obvio,
Excluístes amigos do circulo, esqueceu tudo que verbalizou!

Vós por descaso me invalidastes, me aniquilastes, banalizou.
Hoje tu profetizas que gosta do sexo oposto,
E que deste nunca provou, que este nunca amou!
És Sátira indecisa, bem sabes que mesmo que viva,

Na aurora, toda prosa e “bem decidida”,
Tu menina, tu bem sabes que me amou...
E se não isso; mas deste sexo tu provou...
E deveras há de saber que por tempo adorou!

                      Natália Tamara   



Solidão


Vendo o soberbo e arrogante amor,
E todo sentimento ardente que queima,
A mais profunda intimidade da alma.
Oferto excessos de delicadeza hostil,
Que sigo a profetizar, com essa mascara indesejável!

Invejo a morte, pois esta possui a certeza que amara a todos,
A cólera que trago comigo é heroicamente lancinante,
Sem a intenção de matar-me, leva o espírito ao desespero.
Ânsias terríveis, venenos compulsivos, hórridas lembranças;
Gozarei martírios infindos, cruel agonia!

Ó trevas que enlutais o bem inocente, porem ardente,
Afaga esta ferida ainda aberta e sangrenta,
Atiça lenha neste fogaréu! Triunfa nobre solidão!
As cinzas desse fogo, nem tempestade apagará,
E todo lirismo deste coração é vento insolúvel de uma paixão!

Natália Tamara              


domingo, 9 de setembro de 2012

Sonhei Contigo


Como canção constante, tu em meus pensamentos ficaste,
Na marcha sem fim dos meus dias, em cada sorriso furtivo;
Em cada lirismo que este coração insiste em cativar...
Não sei se mais um encantamento na linha do horizonte,
Deveras uma paixão ritmada, na orquestra da vida.

As tentações tecem desejos ardentes, sonho contigo,
Pouso o olhar na foto miragem, recebo o beijo do mistério;
E contigo amarei toda esta nostálgica e eterna noite!
Cometas inúmeros contemplaram nossa festa,
As estrelas iluminaram teu corpo dourado, teu esplendor!

Violinos tocaram, nossos passos embalaram-se,
Nesse tórrido vendável de sedução, nesta louca atração.
Senti o gosto do teu beijo, esta boca dona dos meus arquejos!
E no frenesi latente, proclamo esperanças infindas,
E mais uma vez sonhei que estavas tão linda, em braços meus!

             Natália Tamara         


   


Eis-me Aqui!


Eis-me aqui pálida e febril,
Embriagada de recordações latentes,
De coração roto e sorriso furtivo!
Eis-me aqui, diante sentimentos crônicos,
Que por motivos desconhecidos não querem se ausentar.

Eis-me aqui, trajada de silencio e tempestades,
Com a alma enlutada, porém apaixonada;
Vou além da escritura fugaz de coisas imortais!
Eis-me aqui, sem legenda e sem tradução,
Na mais completa imperfeição humana.

Eis-me aqui, com o peito ávido e ansioso,
Com este espírito, que é sem duvida meu orgulho;
Fonte de tudo, toda energia, toda ventura e toda desgraça!
Eis-me aqui, patética, sombria e lírica,
Na mais perfeita complexidade do amor!

              Natália Tamara      



IX


Angustiante saudar mais um amanhecer,
Sentir o vento frio afagar a chama ardente,
Que percorrer freneticamente nestas veias!
Ir de encontro o mar catarinense,
E olhar as ondas no intimo ato de tristeza imperial.

Percorrer a praia por horas, na frágil esperança,
De perdoar erros, que inconscientemente cometi, mas os fiz!
Como brindar com a natureza, se não encontro paz para este tormento.
Como dominar a ira que penetra nesta mente insana,
Como sacrificar o amor sem sepultar esta alma?

Velejar nas palavras, e receber ondas tempestivas,
Ser guiada por belas e adocicadas lembranças;
Porem naufragar no ápice do desespero,
De loucuras que corroí meu espírito; e ainda sim,
Amar aquela imagem que zombou de mim!


Natália Tamara                                           

Uma Partida Inesperada (Fuga de mim!)


Por hora, as coisas estão soltas, o voo atrasou, o dia se calou na sua suprema conturbação, vários passos se interligam e se vão diante o mesmo local de embarque e desembarque. Nem ida nem volta, estou duelando entre minha dupla angustia, a noite soa em doses distintas de vozes, risos, abraços de despedidas, saudações de chegada, e, eu, permaneço no mesmo estado latente de perplexidade emocional.
Os casais expõem explicitamente seus momentos felizes, não mais me reconheço na tentativa de ser indiferente aos beijos e caricias trocados entres os enamorados, tudo é frio e ardente ao mesmo tempo; e aquele tempo não passa, ou esta dor infeliz insiste em não dizer adeus. Em meio a tantos atrativos a febre continua, nem mesmo o ensurdecedor barulho das turbinas dos aviões me assusta, ou me arrancam risos como antigamente. Já é madrugada, faço check-in, despacho as malas, vivo de excessos ultimamente, excesso de dor, de rancor, de remorso, de saudade, excesso de sobra de tempo, excesso até de bagagem!
Agora passa da meia noite, depois de lançar os passos trôpegos por toda esta habitação momentânea, sento-me para alivio dos pés, porém a alma permanece carregada e não há nada que seja interessante para este ser, além de escrever. É hora do embarque, irei a destino à cidade maravilhosa, o Rio de Janeiro que tanto me fascina, mas hoje deveras nem isso me cativar. Pois bem tomei em meus braços o dia cinco de agosto na capital baiana, mas vi o dia receber seus primeiros raios solares em solo carioca, foi indescritível saudar o Cristo Redentor numa madrugada cheia de graça, na graça natural de um sorriso atraente da comissária de bordo.
Ancorada no Aeroporto do Galeão, aguardo a partida do voo para meu destino final. Na espera do segundo embarque do dia, observo as pessoas, vagamente ainda consigo esboçar um meio sorriso amarelo e sem graça para os que me cumprimentam, depois firmo meu olhar para minha companhia de viagem, estou a reler Os Sofrimentos do Jovem Werther do magnífico Goethe; cada carta de Werther para Wilhelm reflete em mim o mesmo sabor conflitante do amor, a mesma forçosa renuncia imposta pelo outrem. O mundo me parece sombrio e amargo, vou sem saber por que, e para que, sei apenas que estou indo, e nesse momento não há nada que eu possa fazer. Portão vinte e cinco, fecho o livro, lanço a mochila às costas e vou para o corredor, alguns oi, olá, e o bom dia sempre receptivo da aeromoça, mas uma vez estou á janela, no sete A, entre tantos pensamentos ruidosos, me desfiz em nada, passei a contemplar a decolagem, e certos minutos perguntava-me porque estava ali! Sem resposta que pudesse satisfazer, fiquei a admirar o trabalho das elegantes aeromoças, e por momentos a trocar gentilezas com uma delas. Exatamente na hora prevista pouso em solo catarinense, cheguei ao meu destino, não sei o que me espera aqui, o que posso dizer é que sigo neste duelo heroico de matar ou não este amor que habita em mim.


04\05 de Agosto de 2012   Natália Tamara


“Hoje Não Sei”



"Não sei, hoje não sei!
O teatro fechou, o circo foi embora, o macaco ficou!
O cinema emudeceu. Hoje não entendo nada. O cinismo da imagem, a vulgaridade das palavras, Hoje o poeta está doente e dessa vez é verdade. Meu nome, Teu nome não importa, o julgamento alheio é natureza indiscutivelmente humana, minha condenação é feita por mim mesma, contra meus impulsos e a favor da real verdade. O sino da catedral tocou, a tua mentira exalou, o que outrora querias, hoje por te foi renegado!? Mas diante tudo não sei, me perdi na loucura infantil de provar algo pra alguém, inútil, mas que seja agora passado do pretérito imperfeito; não sei se posso chamar este voo de recomeço, mas, contudo deveras ser no mínimo o ponto de partida para algo de novo; mas enfim, não sei e hoje prefiro assim!
To perdida em meu próprio vagão, procurando nos escombros da alma o talismã que ainda esta em mim, algo que vive a se esconder, mas que é meu, e preciso conscientemente instalar no seu devido lugar.
Hoje tenho apenas que fechar as malas me despedir de metade do meu "eu" e literalmente voar!"





Natália Tamara