domingo, 29 de julho de 2012

IV


A paisagem do ridículo dá contornos a minha imagem,
Anseio o fim de todo este padecimento, deste tormento.
Esta lacuna não se fecha, fica maior a cada amanhecer...
Odeio certos pensamentos, que corroem esta mente insana,
Mas ainda sim amo a bela imagem, que representas para mim!

Quero adormecer infinitamente, no gozo profundo do sublime amor,
Sediar o encontro dos anjos no céu, e quem sabe....
Quem sabe... Levitar ao serpentear nas chamas do inferno!
Vênus, como sangrei ao separar-me de te,
E ainda sim navegando neste mar vermelho, ouso te amar!

Doí-me profundamente dedilhar o mesmo dó menor,
Cantar solenemente a mesma melodia desvairada;
Deixar soar harmonicamente este timbre fúnebre e febril.
Ah... Deusa de todas as deusas, como esquecer teu esplendor?
E como viver sem receber o alimento diário do teu sorriso?

        Natália Tamara                                             (Obra: D.S.) 




                                  (Lindo Poema de Florbela Espanca)

Nenhum comentário:

Postar um comentário